Quarta-feira, 13 de Dezembro de 2006
Para muitos ainda desconhecida, a sigla DPOC apresenta-nos uma das doenças com maior incidência junto da nossa população. Em Portugal a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) afecta já mais de meio milhão de portugueses (aproximadamente 5,3% da população) e apresenta-se no ranking das causas de morte num elevado sexto lugar, com um grande potencial de evolução pois, segundo as estimativas da OMS, poderá em 2020 ser a terceira causa de morte nos países desenvolvidos. No Mundo, cerca de 600 milhões de pessoas sofrem da doença e destas, cerca de 3 milhões, morrem todos os anos em consequência da mesma. Para além de constituir uma das principais causas de morte revela-se, da mesma forma, como uma das principais causas de morbilidade crónica e de perda de qualidade de vida, podendo inclusive inibir o doente de tarefas diárias tão simples como subir umas escadas, lavar os dentes ou pentear-se. Lenta e progressiva, a DPOC instala-se, caracterizando-se por uma diminuição progressiva da ventilação, por obstrução das vias aéreas numa resposta anómala dos pulmões à inalação de partículas ou gases nocivos. No início é normalmente desvalorizada pois o quadro apenas revela tosse com expectoração. Mais tarde surgem as infecções respiratórias, os episódios de bronquite aguda cada vez mais frequentes e depois o cansaço fácil e frequente...!
À cabeça e como principal causa associada à emergência desta patologia surge o tabagismo e a exposição à inalação de outras partículas ou gases nocivos. Tal é agravado se os fumadores tiverem mais de 40 anos e fumarem há mais de 10 anos. Estima-se assim que 10 a 15% dos fumadores vêem a sofrer de DPOC. Parar de fumar afigura-se então como a medida mais eficiente, quer na perspectiva da relação custo/benefício quer no combate à evolução significativa da doença. Curiosamente a doença tem uma maior incidência sobre os homens mas, com o aumento gradual e sistemático do número de fumadoras, essa tendência tende a inverter-se. Não será nenhuma novidade alertar para os benefícios que a prática desportiva regular trará num quadro destes mas, mesmo este tipo de doentes, se refugiam na pressão do trabalho diário ou na vida familiar para fugir a esta prática que muito contribuiria para a moderação dos sintomas associados à sua patologia. Importa também referir outras práticas que acentuariam a supracitada moderação e que passam pela prevenção das infecções respiratórias (através do recurso a vacinas), pela manutenção de uma alimentação equilibrada e pela diminuição do excesso de peso.
Para assinalar a efeméride são, todos os anos, encetadas várias iniciativas, desde rastreios a palestras, no sentido de alertar todos os potenciais doentes para os perigos inerentes a determinadas práticas assim como para as consequências das mesmas e, na medida do possível, diagnosticar a DPOC com encaminhamento para a consulta médica. Como exemplo ilustrativo destaca-se a iniciativa protagonizada por várias Farmácias portuguesas que, no decorrer desta semana, desencadearam uma campanha cujo objectivo passa pela correcta informação e aconselhamento do doente e da família assim como pela promoção da adesão à terapêutica e correcta utilização dos inaladores aliada à promoção da cessação tabágica. Exemplos destes, pese embora todas as barreiras que têm sido erguidas pelo actual Ministro da Saúde, são assim elucidativos quanto à vontade e ao interesse dos profissionais de saúde em zelar pela bem estar dos seus doentes, e neste particular dos doentes com DPOC ajudando-os a Respirar (mais) Fundo!